domingo, 30 de abril de 2023

X-MEN: FÊNIX NEGRA É A CONCLUSÃO VERGONHOSA DE UMA BOA FRANQUIA




"X-Men: Primeira Classe" (2011), o reboot do universo dos mutantes criados por Stan Lee e Jack Kirby foi uma das melhores coisas que a Fox tinha feito no cinema. O diretor Matthew Vaughn abraçou a jovialidade , as cores das páginas da Marvel e um roteiro bem escrito e jogou nas telas. A ideia era promissora e foi um sucesso aclamado pelo público e pela crítica, depois veio "Dias de Um Futuro Esquecido" (2014) que uniu as duas gerações e, novamente, deixou mais promessas de abraçar de vez o colorido dos quadrinhos. Vaughn, infelizmente, saiu do projeto e Bryan Singer diretor dos dois primeiros filmes da trilogia original, voltou ao universo mutante e deu uma bela despedida ao elenco original.

As promessas foram quebradas em "Apocalipse" (2016) e, percebendo que já era tarde demais, resolveram inserir no final do filme uma cena em que os mutantes aparecem vestidos com uniformes que lembram muito o desenho dos anos 90. A mensagem no final dessa cena era de que o próximo filme seria mais fiel aos quadrinhos e ao desenho noventista. Singer dirigiu o longa e saiu da franquia para poder comandar a cinebiografia de Freddie Mercury.

Eis que chegamos à "X-Men: Fênix Negra" (2019) , o longa é o final vergonhoso de uma nova franquia que tinha tudo para honrar o material de origem. A trilogia original, ao menos, foi fiel ao que se propunha, mesmo com a troca de diretor no último filme ( X-Men 3 : O Confronto Final dirigido por Brett Ratner). Esqueçam a cronologia, algo que nunca foi o forte dos mutantes no cinema, a frase que reina na nova franquia é a completa "falta de continuidade". Os personagem beberam na fonte da juventude.

Nos filmes ( e cito somente eles), é dito que a personagem Mística tem a capacidade de envelhecer mais devagar graças ao seu poder mutante, ela muda de forma. Os quatro filmes da nova franquia são ambientados em 63,73,83 e 92, porém, não vemos o resultado da passagem de tempo nos rostos dos personagens. Estamos no quarto filme e Hank, Magneto e Xavier ( além da Mística esses três personagens aparecem nos quatro filmes ) tem a mesma aparência do primeiro longa de 2011. A Fox comeu o orçamento do departamento de maquiagem ? E, sinceramente, fica realmente difícil imaginar que os personagens de James McAvoy ( Xavier ) e Michael Fassbender ( Magneto ) envelheceriam tão rápido em um espaço de oito anos a ponto de se tornar os personagens interpretados por Patrick Stewart e Ian McKellen no filme de 2000.

Não houve o mesmo cuidado com a continuidade desses filme como houve com a trilogia original. Embora eu considere os filmes de 2011 e 2014 os melhores dessa nova leva, eles empalidecem um pouco ( pouco, mesmo) quando são comparados com o profissionalismo e a qualidade da trilogia dos anos 2000. "Fênix Negra" é dirigido desastrosamente por Simon Kinberg ( roteirista dos filmes dos mutantes desde "X-Men: O Confronto Final" de 2006 ) e, para ser justo, foi gravado durante a confusão da compra da Fox pela Disney e, isso, está refletido nas telas.

Vejam , por exemplo, como James McAvoy ( Charles Xavier) aparece ao longo da projeção, graças as refilmagens o corpo do ator parece crescer e diminuir. Explico, McAvoy havia terminado as gravações de "Fênix Negra" e começado a preparação para viver o vilão do filme "Vidro" de M. Night Shyamalan . Seu personagem nesse filme exigia que o ator tivesse um grande preparo físico, acerta altura, o ator já tinha conseguido o corpo ideal para começar o novo trabalho mas, a Fox o chamou para refilmar algumas cenas em "Fênix Negra". O resultado é aquele na tela...

Jennifer Lawrence, a Mística dos filmes, é um caso tão ridículo, que não merece ser comentado a fundo, basicamente a atriz não queria mais fazer os filmes dos X-men e pediu para que matassem a sua personagem. É ridículo pq ? A nova franquia é tão centrada na Mística como o Wolverine foi na trilogia original. Foram tantos problemas de bastidores que "Fênix Negra" os incorporou e se tornou essa "coisa" ruim. O roteiro é tão preguiçoso que Kinberg parece refilmar "X-Men: O Confronto Final" de 2006 só que de uma maneira bem pior, o figurino do filme é idêntico ao figuro usado pelos personagens em sua PIOR fase nos quadrinhos. Será que foi proposital ?

No final, fica um misto de decepção e tristeza. Decepção pq "Fênix Negra" é a conclusão de uma franquia que merecia uma atenção maior do estúdio, os mutantes são os personagens mais famosos da Marvel e tem mais de 50 anos de boas histórias nas hqs. Tristeza pq , ao longo dos anos, a franquia reuniu um elenco talentosíssimo que foi responsável direto pelo sucesso dos filmes, além de manter uma certa qualidade artística. E mal posso acreditar que NENHUM deles será aproveitado nos filmes do universo Marvel. Nessas horas revejo aquele adolescente nerd que cresceu lendo as histórias da "Casa das Idéias" e que sonhava com seu multiverso fantástico no cinema, ele diz : " Quem sabe eles façam um multiverso e esse elenco volte? ". Nessa mesma hora o adulto* chega e sussurra em seu ouvido : " Não sonha! it's just business !" 

*Sim, nesse realidade eu devo ter me tornado um coach tão ruim quanto os executivos da Fox que não entenderam o material que tinham em mãos...

terça-feira, 30 de junho de 2020

Cocktail | Filmes que envelheceram mal

Filmes que envelheceram mal, na minha humildade opinião, o primeiro deles é esse "pérola" dos anos 80 QUASE esquecida mesmo entre os fãs do astro Tom Cruise, "Cocktail" . Aqui, Cruise interpreta Brian Flanagan , um jovem ambicioso que, após deixar o exército , tenta um emprego em NY , mas inicialmente não consegue nada por não ser formado. Então começa a estudar e trabalhar, se tornando um bartender de sucesso graças às dicas dadas pelo colega de meia idade Doug Coughlin (Bryan Brown), um exímio e veterano profissional. Mas sua vida muda quando ele conhece a jovem Jordan Mooney (Elisabeth Shue).


"Cocktail" é o segundo filme da carreira de Tom Cruise em que os roteiros são quase idênticos . Duvida ? Vou resumir. Lembram de "Top Gun" (1986) ? Sinopse resumida : Tom Cruise é um piloto de avião. Ele é muito bom, mas um trauma o impede de ser o melhor. Ele se apaixona por uma mulher que o ajuda a superar, e no final ele alcança seu objetivo. "Cocktail" (1988) : Tom Cruise é um barman. Ele é muito bom, mas um trauma o impede de ser o melhor. Ele se apaixona por uma mulher que o ajuda a superar, e no final ele alcança seu objetivo. Eu poderia continuar com "A Cor do Dinheiro" de 1986, "Rain Man" de 1988, "Dias de Trovão" de 1990 etc, etc, etc,etc... mas vou parar por aqui.


Em "Cocktail" , por incrível que pareça, o problema não é o ator e sim o roteiro ( Tom aprendeu as acrobacias que a profissão exige em poucas semanas). O personagem de Cruise ri feito um idiota o tempo todo, embora seja um homem ambicioso, se comporta como um adolescente mimado durante toda a projeção , vide a cena da briga com a namorada por causa da tal "surpresa". Aliás, a única surpresa boa do filme é a personagem de Elizabeth Sue ( não por acaso, se mostra a personagem mais madura daquele universo). Bryan Brown faz o que pode com seu Doug Coughlin , o ator parece que sabia o quanto roteiro era ruim e interpreta Coughlin com todo o cinismo possível ditando as suas "leis". O diretor Roger Donaldson se redimiria , apenas, nove anos depois com o subestimado " O Inferno de Dante" de 1997 estrelado por Pierce Brosnan e Linda Hamilton


Não é atoa que "Cocktail" ganhou dois Framboesa de Ouro , Pior Filme e Pior Roteiro , enquanto Tom Cruise foi indicado como pior ator e Roger Donaldson como Pior Diretor, além de pior filme e pior roteiroO filme foi incluído no "Guia Oficial do Framboesa de Ouro" como um dos 100 filmes mais agradáveis ​​já feitos, por isso está na categoria de tão ruim que é bom. Pior ainda foi saber que o filme foi baseado em um romance semi-autobiográfico escrito por Heywood Gould publicado em 1984 e, ele assina o roteiro do filme. Roger Ebert , que foi um dos maiores críticos do cinema americano, resumiu o filme nas últimas linhas de sua crítica na época : "Quanto mais você pensar sobre o que realmente acontece em Cocktail , mais você percebe o quão vazio e fabricado ele realmente é.". E assistindo hoje, em 2020, isso fica mais evidente.



O elenco do filme poderia ter sido bem diferente, Robin Williams quase estrelou o filme mas, as coisas não deram certo e, em 1990, ele foi o protagonista de "Um Conquistador em Apuros" do mesmo diretor de "Cocktail"  . Nomes como Tom Hanks , Keanu Reeves e Bill Murray ( sim!!! ) também foram considerados para o papel de Brian Flanagan que acabou ficando com o jovem astro Tom Cruise. A personagem Jordan Mooney foi oferecida para várias atrizes como Jennifer Grey ( de "Dirty Dancing – Ritmo Quente" 1987) , Jodie Foster e Demi Moore. A estrela adolescente da época, Molly Ringwald ( de "O Clube dos Cinco" 1985), acabou recusando o papel, depois foi a vez da atriz Heather Graham recusar por causa dos estudos, enfim, ofereceram para Elisabeth Shue que co-estrelou o filme.


Quatro anos depois, em 1992, o próprio Tom Cruise admitiu em entrevista que o filme "não era uma das melhores coisas" em sua carreira. No entanto, é o personagem de Bryan Brown que, ao se assumir um completo imbecil em uma das cenas finais, que resume toda a ideia superficial do filme. Sim, o veterano Doug Coughlin e suas "leis" praticamente legitimaram a crítica de Ebert , o que, convenhamos, não chega a ser uma surpresa. Hoje prefiro aquela paródia de "Cocktail" que Ben Stiller fez em "Missão Improvável" , é bem melhor...

sábado, 30 de maio de 2020

"Yesterday" | Sim, um mundo sem os Beatles seria um lugar infinitamente pior


Tá de saco cheio de negatividade ? Quer uma boa opção para relaxar nesse fim de semana pandêmico?
Essa comédia romântica é o que você precisa. Com direção de Danny Boyle (Quem Quer Ser um Milionário?, Trainspotting, Extermínio ) e roteiro de Richard Curtis ( Simplesmente Amor e Quatro Casamentos e um Funeral ) "Yesterday" nos leva à um uma viagem através das várias versões de um universo paralelo. Será que eles existem? "Yesterday" fala dos Beatles só que ... em um universo onde o mundo nunca conheceu o jovem quarteto de Liverpool, em que Abbey Road e Penny Lane são apenas os nomes de ruas na Inglaterra, Eleanor Rigby é apenas um nome em uma lápide de um cemitério qualquer em Liverpool ou que o submarino amarelo é apenas um brinquedo.

A sinopse, "Yesterday" conta a história do funcionário de um supermercado de uma pequena cidade inglesa, o cantor e compositor Jack Malik (Himesh Patel), um jovem músico mal-sucedido, que almeja o sucesso de suas músicas; tendo apenas o suporte de sua melhor amiga Ellie Appleton (Lily James) e alguns poucos amigos, ele se sente frustrado pela falta de reconhecimento como artista. Até que um dia ele é atropelado por um ônibus, após um enorme apagão (com proporções mundiais). Quando acorda, nota que todas as pessoas ao seu redor (e no resto do mundo) simplesmente não conhecem os Beatles e suas músicas – assustado com isso a princípio, ele logo tem a ideia de utilizar as músicas da banda mais famosa de todos os tempos como se fossem suas próprias composições.

O filme é sobre a importância da música da banda uma homenagem direta a seus integrantes e uma a crítica ácida à pasteurização da música atual através da personagem da impagável Kate McKinnon. Mas, não só isso, o filme fala de solidão, sonhos( objetivos), materialização deste e o preço que se paga ao atingi-lo e o nosso fio condutor é o personagem Jack Malik , vivido pelo talentoso Himesh Patel. Como não poderia deixar de ser, Boyle e Curtis desenvolvem o filme através da responsabilidade e das consequências de tanto poder em mãos. Tudo isso, com uma trilha sonora envolvente de dar inveja a qualquer projeto uma montagem magnífica e efeitos textuais ao longo da produção e, não se assuste ao se ver cantando algumas músicas durante a projeção. "Um mundo sem os Beatles seria um lugar infinitamente pior." é o que diz a certa altura uma das personagens do filme. Concordo com tudo.

"Yesterday" é um filme leve, criativo, despretensioso e emocionante até pra quem não é super fã dos Beatles, e se vc é fã, vai se deliciar com a enxurrada de referências ao longo da projeção, desde as mais tímidas nos diálogos até as mais gritantes. A participação de Ed Sheeran interpretando ele mesmo é hilária, Lily James é tão brilhante que, por vezes, quis mais cenas com ela e o protagonista Himesh Patel. E é aqui que o filme nos ganha, ao se apoiar no carisma de Patel e deixa-lo fazer o que sabe. Em tempos de ódio, fico com a frase mais emblemática do filme dita por um certo músico : "Quer uma boa vida? Não é complicado. Diga à garota que você ama, que você a ama. E diga a verdade para todo mundo sempre que puder."

E meu caro mestre, eu já disse e ela sabe !
😉😍😉😍


quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

O BATE PAPO MAIS CARO DA HISTÓRIA


Fui criado no bairro Jardim Alvorada, e morava nos fundos da casa dos meus avós maternos ( meus pais ainda moram lá) , nunca tivemos tv a cabo em casa ( computador e internet então, era um sonho muito, mas muito distante... tipo o homem chegando ao sistema Alpha Centauri , e não, não é vitimismo) por dois motivos. O 1º é que a grana ( renda familiar ) mal dava para manter a casa , o 2º motivo é que, pelo que me lembro, esse serviço NÃO chegava na rua de casa. Chegava na rua de baixo, mas não na nossa rua. E sei lá o motivo disso.
Dito isso, só vi "F.R.I.E.N.D.S" quando passou no SBT com título de "AMIGOS" no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, gostei da série e fiquei anos sem ver. Fui, finalmente, ver a série completa somente no final dos anos 2000 com o advento da maravilha do "torrent", achei o final sensacional e me lembro de dar muita risada e constatar que tinha ficado muito fã daqueles jovens que bebiam café no tal "Central Perk". Ainda empolgado, fui ver as duas temporadas da série derivada intitulada "Joey" cujo o personagem principal era o mais carismático daquela série que tinha aprendido a amar.
"Joey" foi um desastre total, não por causa do ator Matt LeBlanc e sim pelo roteiro que descaracterizou completamente um personagem que era o coração da série em que tinha sido apresentado. Depois disso, vi os esforços de cada membro do elenco original em suas empreitadas solo. Poucos conseguiram se manter com o mesmo sucesso que tinham antes, ainda que as reprises e os direitos da série "F.R.I.E.N.D.S" renda a cada um dos seis protagonistas NO MÍNIMO U$ 20 milhões por ano. Tudo isso, com o público praticamente se humilhando e pedindo por um mísero especial de natal ou qualquer outro especial ROTEIRIZADO que se seja minimamente descente.
Poucos encontros com o elenco original foram feitos desde que a série acabou em 2004, de novo, mesmo com o público pedindo de joelhos e, eis que, em 2020, com a eminente chegada do serviço de streaming da Warner através da HBO ( demorou já que a NETFLIX reina há anos) , o elenco original resolveu se reunir para um especial NÃO roteirizado que será exibido exclusivamente para essa plataforma. Sério ? E tem fã que cai nessa e aceita essa migalha ? Na minha época isso era áudio comentário de DVD e isso era obrigação em certas obras. Mesmo que isso seja apenas um termômetro para um eventual especial ROTEIRIZADO, esse especial me cheira, sim, a um termômetro da série ( e da fama dos atores do elenco original ) em um dos bate papos mais caros da história da tv. Os verdadeiros fãs da série, esses que assistem as reprises e que assinam serviços de tv a cabo e streaming, compram camisetas, canecas, copos, almofadas e demais acessórios mereciam mais.

domingo, 27 de outubro de 2019

"Meu Nome é Dolemite" | Filme marca o reencontro de Eddie Murphy com o seu público


Sou fã do Eddie Murphy, sempre o considerei um grande ator mesmo tendo feito várias comédias durante a sua carreira. Mas, Murphy tinha se afundado em filmes ruins desde sua grande performance em Dreamgirls de 2006 que havia lhe rendido indicações em diversas premiações incluindo o Oscar. Como fã, era triste ver um grande ator como Eddie Murphy cada vez mais perdido em sua carreira apelando para projetos mal elaborados, assim como Nicolas Cage se perdeu. Mas, isso ficou no passado.


"MEU NOME É DOLEMITE ( EUA, 2019) " é a cinebiografia do humorista Rudy Ray Moore e seu alter-ego Dolemite grande astro da Blaxploitation , fenômeno do cinema americano dos anos 70 e padrinho do rap. Esse é o projeto que Murphy tentou levar as telas durante uma década e meia e, curiosamente, tem um paralelo de perseverança com a história de Rudy que alcançou a fama já na meia-idade e, vejam, estamos falando da América dos anos 70.


O personagem parece que foi feito para Eddie Murphy, seu descontentamento com a vida que leva em uma loja de disco e a confiança em seu talento que os outros insistem em menosprezar é nítido em cada olhar e gesto ao falar, reparem no brilho em seus olhos quando ele mergulha nas ruas de Los Angeles ao pesquisar a vida daqueles cidadãos que a cidade faz questão de esquecer, é dali que nasce seu alter-ego. Ou na cena em que Rudy , sentado em sua sala, finalmente cria uma de suas rimas, vemos um trabalho diferente de Murphy a cada instante.


É como se Murphy tivesse voltado a ter gosto pela atuação, a direção de Craig Brewer é precisa nesse sentido, Eddie Murphy não aparece exagerado como em "O Professor Aloprado 2 : A Família Klump ( EUA, 2002)" , Brewer dirige Eddie com o mesmo cuidado que teria ao segurar uma pedra preciosa. Aliás, não só ele, o elenco desse filme é incrível, de Mike Epps, Craig Robinson, Tituss Burgess, passando pela maravilhosa Da’Vine Joy Randolph como Lady Reed e a hilária ( e a mais debochada performance do ano) participação de Wesley Snipes como D’Urville Martin. Snipes está engraçadíssimo como o ator e diretor de Blaxploitation, a química dele e Murphy é surreal.


"MEU NOME É DOLEMITE ( EUA, 2019) " é um filme vivo e cheio de cores, o figurino é assinado pela fantástica Ruth E. Carter, a vencedora do Oscar desse ano por Pantera Negra ( EUA,2018). Tudo isso ao som de uma trilha sonora que retrata bem a época e conta com o swing do ator e cantor Craig Robinson ( A Ressaca, 2010) que merece todas as palmas. No final, Dolemite fala sobre esperança, confiança e perseverança essa é a mensagem dita a plenos pulmões ( e com muitos palavrões ) no último frame do filme ao seu público, o grande reencontro de Dolemite com seus sonhos e podemos dizer também, o reencontro de Eddie Murphy com o seu público... e como é bom reencontra-lo... e que volta triunfal, Eddie.

PS: A versão dublada conta com o trabalho de Mário Jorge Andrade , dublador oficial de Eddie Murphy desde os anos 80. Mário faz um grande trabalho nesse filme e vale a pena conferir.

terça-feira, 22 de outubro de 2019

As redes sociais e a síndrome da "vizinha fofoqueira"

Não sou de fazer isso mas, essa é a última.

Então, vamos lá:
Meu perfil sempre teve uma grande rotatividade, pessoas sempre vem e vão nessa página virtual ( como tudo na vida! ). Adicionam e um tempo depois me deletam ou eu as deleto devido a certos comportamentos que eu abomino ( preconceito de raça e classe social são os que mais me irritam). Seria pq resolvi não expor a minha vida pessoal nas redes e, por isso, as "pessoas" saem daqui frustradas por não saber o que acontece comigo ?

Não que eu seja famoso ou interessante ( acreditem, eu sei. Estou longe disso ! ), mas pra mim as redes sociais padecem da síndrome da "vizinha fofoqueira" que nunca perdia nada do que acontecia na rua. As redes sociais são isso, uma rua de um bairro qualquer onde as pessoas observam tudo, ou só a vizinha, ou, em alguns casos, uma grande mesa de bar onde todos falam ao mesmo tempo e vc tem a vontade de conversar com aquele(a) seu(sua) amigo(a) que está sentado(a) na ponta da mesa, mas não consegue pq o barulho da "falação" é ensurdesedor, até que um ou outro resolve chegar mais perto.

Nunca cheguei aos tais "mil amigos" nessa rede social, quanto mais "cinco mil", assumo, sou chato e irritante, porém jamais fui falso. Mas tanto aqui, quanto na vida real sou leal,fiel e relevo MUITAS coisas, por causa disso, amigos já me chamaram de bobo e "colegas" diziam que eu era "carente" ao confundir a minha boa intenção com as pessoas. Mesmo tendo recebido várias decepções, eu jamais deixei de ser educado com NINGUÉM. 
Conclusão: Vc nunca agradará a todos!

O fato é que, mesmo que a recípocra não tenha sido verdadeira em alguns caso, eu sempre lutei pelas pessoas que eu considero, fui e sou leal e fiel, vou relevando as coisas mas, quando desapego, é pra sempre. É um defeito meu? talvez sim. Eu assumo as consequências das minhas escolhas como sempre fiz. Isso não me faz menor e nem maior do que ninguém, mas estive lá, estendendo a mão.
Isso ninguém me tira.
Ah, se vc veio nesse blog "especular" sobre a minha vida, veio no lugar errado.
Abraços

terça-feira, 27 de agosto de 2019

MIB: Internacional diverte , mas é o mais fraco da franquia


MIB Internacional é o típico caso de projeto que parte de uma boa premissa e que se perde em sua execução. Referências aos filmes anteriores estão por toda parte , incluindo os Vingadores e várias piadas que movem o longa com um elenco sensacional que conta com nomes de peso como Emma Thompson e Liam Neeson. É justamente nesse terreno entre a nostalgia, referências e piadas que o filme tenta encontrar o seu lugar. O atores fazem o que podem com o roteiro raso e simples que o projeto apresenta, o vilão é muito previsível e os efeitos são bem convincentes. Não que os outros longas da franquia sejam clássicos shakespeareanos, mas sempre tinham algo novo a nós apresentar. A sensação aqui é de vazio, de que embora as coisas estejam em seus lugares...porém falta alguma coisa.


O filme não é ruim, chega a ser divertido e provoca algumas risadas na plateia, mas se comparado aos filmes anteriores ele deixa a desejar. MIB Internacional não se propõem a se aprofundar em seu próprio título ao contrário do que a campanha publicitária pregava. Seria legal ver como funciona as agências nos países que o filme nos apresenta e, quando digo países, não são muitos. Três no máximo se contarmos a agência inglesa. Pra mim, isso é um exemplo da má execução do projeto.


Se MIB Internacional escapa de ser uma bomba total, é graças ao elenco que sustenta o filme do início ao fim. Eu veria a Tessa Thompson e o Chris Hemsworth contracenando por horas a fio, eles tem uma química maravilhosa como poucos atores tem e, confesso, essa franquia ainda tem muita lenha pra queimar. Isso, é claro, se os roteiristas resolverem trabalhar direito. Eu não me importaria em ver Will Smith e Tommy Lee Jones fazendo uma ponta em um eventual 5° filme da série ou que Emma Thompson participasse mais da ação. Sei lá, só queria que a criatividade dos roteiristas fosse tão rica e infinita quanto o universo...


PS: Sim, Sérgio Mallandro ( o artista e não o juiz 😃😃😃) faz uma pequena participação no filme, confirmando o que todos "sabiam". A Sony deveria ter chamado o Dr. Rey , o Rogério Skylab, ET de Varginha dentre outros para uma ponta na versão nacional do longa. 😂😂😂😂😂😂

The Boys, outra grata surpresa de 2019


Embora The Boys seja totalmente diferente de Watchmen, a comparação entre as duas será inevitável. A nova série do serviço de streaming Amazon Prime é muito bem feita, não tem cara de série televisiva e, sim , de cinema. Não li a Hq original de Garth Ennis e Darick Robertson mas, o resultado na tela cumpre o seu propósito de entreter e prender a atenção dos espectadores , destaque para a química e atuações primorosas do elenco cujos os nomes mais famosos são Karl Urban, Elizabeth Shue e Harry Joel Osment, sim o garoto de " O Sexto Sentido" já é um homem. Ele faz uma pequena participação na série, mas muito importante, é bom vê-lo nas telas novamente. Elizabeth Shue, que saudade dessa atriz, Shue encarna a ganância das corporações através de sua misteriosa personagem, e ela entrega uma boa performance até o final.


Mérito do roteiro da série escrito por Eric Kripke que não deixa o projeto arrastado, são apenas oito episódios de 50 minutos de duração e o espectador não sente as horas passarem. Ela explora como seria se os super-heróis vivessem no nosso mundo real e atual e agissem como celebridades e influenciadores digitais e quais seriam os impactos disso. Sim, Watchmen tratou disso de forma séria e adulta, The Boys trata o tema de uma forma diferente usando a sátira , o sarcasmo e o politicamente incorreto com a mesma violência da obra de Alan Moore. Em suma, Watchmen é uma obra-prima inquestionável mas, The Boys se mostrou uma grata surpresa num ano em que assisti "Dark" , "Stranger Things 3" e "Cobra Kai 2". O destaque da série pra mim é o 5° episódio onde Kripke expõe as estranhas do radicalismo cristão norte-americano e seus falsos profetas. O diálogo entre Bruto e um dono de barraca de feira é como se o roteirista estivesse gritando a hipocrisia daquele evento em si.


O embate entre os personagens de Karl Urban ( Billy Bruto ou Billy Butcher) e o Antony Starr ( Capitão Pátria ou Homelander) respectivamente é outro destaque da série. Urban costuma compor bem seus personagens e, aqui, não economiza na emoção e na cara de mal, por vezes me lembrou o tom do Wolverine e, confesso, se a Marvel o escolhesse para interpretar o personagem ele se sairia muito bem. Seu Billy Bruto é cheio de camadas que vão ficando mais claras a medida que a série avança. O mesmo podemos dizer da grande surpresa do elenco, o ator Antony Starr , ele entendeu a complexidade do Capitão Pátria, seu personagem navega no limite entre o charme, sedução e a loucura. Caso perdesse a mão o projeto perderia muito sendo que seu personagem é o líder da equipe de super heróis nessa visão distorcida do Superman.


Os personagens da série são uma versão dos personagens da DC Comics, mas vez ou outra vc reconhece algo da Marvel na tela ( percebam como certa personagem tem todas as características da X-23 do filme Logan de 2017 ) , essa foi a sensação que tive, um mundo que mistura esses dois universos e as consequências dele mas, engana-se quem pensa que a série é só sobre isso. The Boys é uma sátira sensacional as grandes corporações, os meios de comunicação e entretenimento, aos radicais/ estelionatários da fé, ao capitalismo ( sim, tá lá ), a paixão pela violência ( mesmo que a explore bastante) e aos políticos. A série vai desconstruindo o papel dos "super-heróis" em nossa sociedade, expondo os bastidores inescrupulosos dos que estão no poder, e tecendo uma analogia à atual era das pós-verdades. Mesmo sendo uma crítica direta aos EUA ela vale para muitos países. No final, se vc gostou de Watchmen vai curtir essa série, agora se vc espera mais do mesmo do mundo dos super heróis , vai quebrar a cara.


PS: Essa é pra quem curte quadrinho nacional, o visual do Capitão Pátria me lembrou o do herói brazuca Capitão Sete.


A segunda temporada da série já foi confirmada pela Amazon, as gravações estão acontecendo mas, a série ainda não tem data oficial de estreia.

"Rocketman" é tudo que "Bohemian Rhapsody" não teve coragem de ser


Ontem a noite assisti, novamente, "Rocketman" a cinebiografia do astro Elton John e, poxa vida, que filme. De todos os erros, um dos grandes pecados de "Bohemian Rhapsody" foi não responder quem foi Freddie Mercury ( Rami Malek ). Saí da sessão com a sensação de que havia visto a versão midiática do artista/banda e de que o longa não tinha o menor interesse em se aprofundar nisso. Depois, li que o longa havia sido produzido por Brian May e Roger Taylor ( membros originais do Queen), e que eles tinham vetado grande parte da polêmica vida de Mercury e da banda. Isso explicou a saída do melhor Freddie Mercury que jamais veremos nas telas: Sacha Baron Cohen. O longa valeu pela nostalgia.

O mesmo não acontece em "Rocketman" , o longa é puro estudo de personagem e mergulha na alma do artista tentando descobrir quem ele realmente é. Quem é Reginald Kenneth Dwight ? Sim, o roteiro se preocupa em responder essa questão e com bastante interesse. Todos os conflitos do personagem estão lá, escancarados na tela, seus medos, angústias, inseguranças, a descoberta da homossexualidade (e a aceitação dela), amores, dores, arrogância, excessos, complexos, carências, vícios, talento , etc, etc, etc, etc... e sua música. O artista fez questão de não se esconder de seu público e aprovou o roteiro baseado em sua vida. Como o próprio Elton John comentou: “Eu não levei uma vida apropriada para menores”.

Assim acompanhamos o conflito familiar crescer na tela, a busca por aceitação, a entrada na escola de música, o encontro de almas com o seu parceiro Bernie Taupin ( brilhantemente vivido por Jamie Bell ), o sucesso, os amores, o vício , a queda e ascensão de Elton John que, aqui, ganha vida pelo belo trabalho de Taron Egerton que canta TODAS as músicas do longa sob a direção apurada de Dexter Fletcher ( que finalizou o longa do Queen). A diferença é que, sem a pressão que "Bohemian Rhapsody" sofreu por parte de membros da banda, Fletcher consegue estabelecer uma conexão íntima com o público ao decidir não esconder os "defeitos" de seu protagonista e transformou a sua narrativa em algo digno do artista retratado.

E se você notou que usei muito o termo "não esconder", é pq esse cuidado com a veracidade dos fatos refletiu na qualidade do longa, se Malek ganhou o Oscar pelo trabalho em "Bohemian Rhapsody", o trio Egerton/Fletcher/Elton John também merecem indicações em todos os prêmios que virão. A performance de Taron Egerton é cheia de carisma , detalhes e um cuidado que, novamente, refletem o talento na tela. Destaque especial para as crianças (Kit Connor e Matthew Illesley) que interpretam o artista e que todas as cenas me emocionaram, em particular uma das últimas cenas na reabilitação me levou as lágrimas. No fundo , "Rocketman" é tudo que "Bohemian Rhapsody" não teve coragem de ser. Fico feliz pelo Elton e triste pelo Freddie, ele merecia mais.