segunda-feira, 13 de maio de 2019

A grande Doris Day se foi ...


Hoje o cinema se despede de Doris Day, vítima de pneumonia, aos 97 anos de idade. Doris Mary Ann Kappelhoff nasceu em 1922 na cidade americana de Cincinnati, filha de um professor de música e uma dona de casa. Ela atuou em filmes famosos nos anos 50 e 60,  como "Confidências à Meia-Noite" (1959) e "O Homem que Sabia Demais", este último uma das obras-primas de Alfred Hitchcock.


Em 1989, ganhou o prêmio especial do Globo de Ouro, chamado Cecil B. DeMille, pela sua carreira. Também venceu três vezes o Globo de Ouro, na categoria atriz favorita do cinema mundial. Em 2004, foi condecorada pelo então presidente americano George W. Bush com a Medalha Presidencial da Liberdade, a honraria civil mais importante dos EUA.


2019 marcou também o aniversário de 60 anos daquele que é o maior sucesso da carreira cinematográfica de Day: "Confidências à Meia-Noite" (1959), o filme pelo qual a atriz ganhou sua única indicação ao Oscar, e um dos três longas que fez ao lado do amigo Rock Hudson. "Eu me divertia tanto trabalhando com o meu amigo, Rock", relembra Day na entrevista ao site The Hollywood Reporter . "Nós rimos muito enquanto filmávamos as três produções que fizemos juntos, e continuamos grandes amigos depois disso. Eu sinto falta dele".


Hudson morreu em 1985, aos 59 anos, em decorrência de complicações da AIDS. O astro, que foi uma das primeiras celebridades a chamar atenção publicamente para a doença, escondeu sua homossexualidade por toda a carreira. Quando foi descoberto que ele tinha AIDS e era homossexual ela foi uma das poucas pessoas que continuou do lado dele.

Em 2011, Doris, então com 89 anos, produziu seu 29º álbum musical, My Heart. Morava em Carmel (Califórnia). Em 2014, em seu aniversário de 92 anos, cumprimentou seus seguidores de sua casa e também apareceu em público alguns dias mais tarde, em um ato de sua fundação em defesa dos animais. Foi a última vez que foi vista em público. Doris se foi mas, mesmo com o passar dos anos, o tempo nunca lhe roubou o belo sorriso...


Fonte: The Hollywood Reporter

terça-feira, 7 de maio de 2019

A bela amizade de Robin Williams e Christopher Reeve


Dustin Hoffman e Robin Williams atuaram juntos no filme Hook - A Volta do Capitão Gancho de 1991. Hoffman estudou teatro ao lado de Gene Hackman e ambos ouviram de seus colegas de classe e professores de teatro ,que NÃO teriam sucesso na vida. Diziam que estavam fadados ao fracasso... O curioso é que Williams ouviu a mesma coisa dos amigos e professores no ensino médio e na escola de teatro. O único amigo que acreditava no sucesso dele era um tal de Christopher Reeve ... sim, isso mesmo! Robin Williams era amigo íntimo do Superman .



Os dois se conheceram quando eram estudantes de teatro e companheiros na Julliard,uma escola especializada no ensino das artes, em Nova York. Antes de se tornarem famosos, eles prometeram um ao outro que quem estivesse bem iria cuidar do menos afortunado. Mas ambos se tornaram bem sucedidos em suas carreiras, e continuaram amigos ao longo dos anos. Após o acidente de Christopher, Robin continuou a ficar ao seu lado...
Christopher e Dana Reeve
Quando sua operação mais grave se aproximava (Junho de 1995) , Christopher relatou:” foi assustador para suportar …. eu já sabia que eu tinha apenas uma chance de cinqüenta por cento de sobreviver à cirurgia ”…. Então, em um momento especialmente sombrio , a porta se abriu e correu um sujeito atarracado, com um chapéu azul e um vestido amarelo e óculos, falando com um sotaque russo. O homem anunciou que ele era um proctologista e estava indo para realizar um exame retal em Reeve. Era Robin Williams, reprisando seu personagem do filme nove meses. Reeve disse: “Pela primeira vez desde o acidente, eu ri!

No decorrer dos anos, Robin cobriu todos os custos do hospital que a família de Reeve não conseguiu cobrir. …”Meu velho amigo ajudou-me saber que de alguma forma eu ia ficar bem…”
Robin também se tornou muito envolvido dentro da "The Christopher & Dana Reeve Foundation " . Williams estava sempre ao lado de Christopher ao longo de sua luta incrível com quadriplegia, até o fim. Reeve morreu em 10 de outubro de 2004 aos 52 anos, Robin ajudou Dana Reeve esposa de Christopher a levantar fundos para "The Christopher & Dana Reeve Foundation " que financiava projetos de organizações que atuam com pessoas com paralisia.



Infelizmente , dois anos depois, sua esposa, a atriz Dana Reeve, com quem ele se casara em 1987, acabou falecendo vítima de um câncer. Em 2006, o filho mais novo do ator ficou órfão de pai e mãe. Williams então adotou legalmente o menino Will Reeve, e o criou como um filho. Christopher Reeve tinha outros dois filhos, Matthew e Alexandra do primeiro casamento com a agente de moda Gae Exton, eles tinham uma boa relação com o pai e foram criados pela mãe.
Zak Williams e Robin  Williams em 2012
No início da carreira de ambos, Christopher fez mais sucesso e ajudou Robin, que após o acidente, começou a retribuir a antiga ajuda. Exatos dez anos depois da morte do amigo, em 11 de agosto de 2014, Robin Williams sucumbiu a uma forte depressão, e acabou cometendo suicídio. Will, que na época estava com 22 anos, tornou-se herdeiro de seu patrimônio, dividido igualmente entre ele e os dois filhos sanguíneos de Robin ( entre eles Zak Williams ) , que também deixou um valor significativo para a Fundação “The Christopher & Dana Reeve Foundation” em seu testamento.
Matthew ReeveAlexandra Reeve Givens e Will Reeve na fundação que leva o nome de seu pai.
Existem encontros que se iniciam no nosso mundo físico e seguem adiante, até a eternidade.

quarta-feira, 1 de maio de 2019

Ausência



Ausência

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 30 de abril de 2019

Fugindo dos seres perfeitos



Fugindo dos ditos "seres perfeitos" e de seus padrões pré-impostos . Aos seus olhos, tudo que não se encaixa em seus "selos de qualidade" é tido como anormal, feio e marginal. Não há espaço pra nada que se aproxime do que é ser humano, suas dores, angústias e pequenas felicidades. Através de seus "padrões e selos de qualidade " abre-se espaço para atitudes repugnantes como o preconceito e suas diversas ramificações.
Nao me julgo perfeito e prefiro ficar do lado de cá...

sábado, 27 de abril de 2019

Vingadores : Ultimato é uma declaração de amor ao mundo nerd


Vingadores : Ultimato é INCRÍVEL. Não tenho outra palavra para defini-lo e , é muito dificil dizer algo sobre o filme sem dar spoiler , pq o roteiro é estruturado e costura muito bem as pontas soltas dos principais filmes da série de 22 filmes e qualquer detalhe pode estragar a experiência de quem é fã da saga do Infinito. Apenas esqueça certas escolhas do roteiro que poderão abrir espaço para discussões que, com certeza, dividirá opiniões . A direção dos irmãos Russo é bem feita e uma puta declaração de amor ao universo Marvel tanto do cinema quanto dos quadrinhos. E tudo isso feito com muito cuidado e respeito ao material original.



O carinho está lá estampado na tela, o fã mais atento irá reconhecer certos objetos clássicos nos cenários, figurinos e nas frases ditas pelos personagens que dialogam diretamente com aquela criança interior que cresceu lendo aquelas histórias . As cenas de ação são sensacionais e ficarão na memória dos fãs por anos a fio. A edição não é enfadonha e realmente ajuda a colocar a trama pra frente fazendo com que o filme não tenha sensação de ser longo. E falo sério, a sensação é que o filme não parece ter as quase 3 horas de duração, ponto para equipe e a direção do longa. Outro ponto positivo é a química do elenco, de TODOS eles, é um filme de relações pessoais e propósito de vida e nisso, Vingadores: Ultimato dá um show. Esse é o coração do filme.



Cada geração tem um grande filme que marcou a cultura pop , assim como foi o caso de "Star Wars: Uma Nova Esperança" em 1977, "Matrix" em 1999 , a trilogia " O Senhor dos Anéis "  e a saga "Harry Potter" no começo da década de 2000. E Ultimato é, sem dúvida, a conclusão de um projeto ambicioso de uma editora que, há uns 20 anos, sequer tinha grana para bancar seu próprio filme, os direitos de seus personagens estavam espalhados em estúdios diferentes e que nasceu há 11 anos, graças a coragem de alguns, a visão de um diretor ousado e a entrega de um ator talentoso e muito desacreditado na época. O resultado de tanta dedicação é um filme cheio de alma e coração que, com a sua boa narrativa recheada de fan service, conseguiu ser uma carta de amor ao mundo nerd.

5/5 ⭐⭐⭐⭐⭐

terça-feira, 23 de abril de 2019

Aqui não existe almoço grátis!


"Aqui não existe almoço grátis"
(por Hector Babenco, diretor de 'Pixote' e 'Ironweed')

O ano era 1985, tínhamos recebido o convite para participar da mostra competitiva do Festival de Cannes com meu filme “O Beijo da Mulher Aranha”. Não tínhamos recursos para fazer as cópias nem as legendas em francês, conforme nos foi pedido pelo festival.

Procuramos um “partner” que financiasse a finalização do filme e que bancasse as despesas. Depois de várias tentativas, surgiu um que manifestou real interesse e obviamente queria ver o filme.

Marcamos uma cabine para fazer a projeção e, no horário e no dia combinados, lá fui eu para Los Angeles. Quando cheguei para a projeção, qual não foi a minha surpresa ao ver que a cabine estava ocupada por um outro filme que tinha acabado de começar para Jack Nicholson e convidados.

Com cara de pato, pedi desculpas e aguardamos por duas horas, até o filme terminar. Antes de começar a projeção, fui ao banheiro. Enquanto eu usava o ready-made do Marcel Duchamp, olhei para o lado e vi que tinha um companheiro de atividade: Jack Nicholson, também esvaziando sua bexiga.

Ele olhou para mim e perguntou quem eu era. Eu disse quem era e o que estava fazendo ali. Ele disse que tinha lido “Boquinhas Pintadas”, do Manuel Puig (escritor argentino, autor do livro que inspirou o filme “O Beijo da Mulher Aranha”), e que gostaria de ver o meu filme. Era para ligar e combinar.

Cheio de receios, telefonei na manhã seguinte, e a sua assistente já me deu as datas dele e pediu o endereço do lugar onde deveria apanhar as latas do filme. A exibição aconteceu: estavam presentes Jack, uma amiga dele e um amigo.



No fim da sessão, fui convidado para jantar. Nada foi dito a respeito do filme. Achei estranho. Quando terminamos a refeição, agradeci pela noite e nos encaminhamos para a porta. Eu quis ser o último a sair porque o meu carro era a opção mais econômica de aluguel que pude encontrar. Chegou uma limusine Mercedes e lá se foi o Jack. Depois, num reluzente Rolls-Royce conversível, se foi o outro.

Quando chegou meu modesto veículo, saiu do restaurante um garçom que se aproximou de mim e perguntou se eu estava jantando com mr. Nicholson. Disse que sim. Ele replicou que ninguém tinha pagado a conta. Puto da vida, tirei meu único cartão de crédito e honrei o pasto da noite. Entendi o real significado da expressão “there is not free lunch in this town” (não existe almoço grátis nesta cidade).

Na manhã seguinte, fui acordado pela campainha. Um chofer me entregou, em nome do restaurante, duas garrafas de champanhe Cristal e um envelope com a minha folhinha azul do cartão rasgada e um bilhete pedindo desculpas pelo acontecido.

O maître daquela noite era novo e não sabia que, quando mr. Nicholson janta lá, a conta é mandada para o escritório dele.

Os anos se passaram e, quando o chamei para uma leitura do roteiro que tinha feito com William Kennedy de seu romance “Ironweed”, ele imediatamente se prontificou a fazê-la em sua casa. No fim do encontro, fez alguns comentários que me levaram a entender que ele já conhecia o livro muito bem. O resto é história.

Anos depois, em 1994, o American Film Institute organizou uma cerimônia para entregar o Life Achievement Award ao Jack. Recebo um convite para ser um dos cinco a dizer algo sobre ele, durante a cerimônia. Reconheci naquele jantar homens e mulheres que desde moleque vejo no escurinho do cinema.

Cada vez que as luzes se apagavam, um “spotlight” iluminava quem falava. O primeiro foi Warren Beatty, depois Sean Penn, Milos Forman e, a seguir, Roman Polanski via satélite, até que chegou a minha vez -e eu continuava sem saber o que falar. Como dizer da importância de ter trabalhado com ele e do privilégio de compartilhar uma amizade que dura até hoje?

Contei a história do nosso primeiro encontro sob o olhar perplexo do Jack, que não entendia aonde eu queria chegar. Quando chegou o momento de “o senhor estava sentado na mesa do mr. Nicholson? É que ninguém pagou a conta”, a gargalhada foi gigantesca. Ainda hoje encontro alguém que se lembra daquela noite.

Saudoso HECTOR BABENCO, 67, é diretor dos filmes “Pixote: A Lei do Mais Fraco” (1981), “O Beijo da Mulher Aranha” (1985) e “Carandiru” (2003).